Área Protegida

Área onde se pretendem criar condições para que se estabeleça um contacto mais íntimo entre o Homem e a Natureza, que nelas é encontrada no seu expoente máximo. Surgem da necessidade de conservar a natureza, a paisagem, o património edificado e a vivência das populações. A sua criação tem ainda por objectivo estimular o desenvolvimento integrado destas áreas, vitalizando os seus recursos e as suas actividades tradicionais, assegurando a sua evolução harmoniosa e equilibrada. As áreas protegidas podem ser classificadas em: Parques Nacionais, Parques Naturais, Reservas Naturais, Monumentos Naturais, Paisagens Protegidas e Rede Natura 2000. Os primeiros contêm um ou mais ecossistemas inalterados ou pouco alterados pela acção antrópica, integrando por isso amostras representativas de regiões naturais características, de paisagens naturais ou humanizadas, de espécies da fauna ou da flora, de habitats ou de locais geomorfológicos com interesse científico e educacional. Os parques naturais possuem paisagens de interesse nacional, naturais, seminaturais e humanizadas, onde a natureza e as actividades antrópicas se integram de forma harmoniosa, constituindo amostras importantes de uma região natural ou bioma. As reservas naturais têm como objectivo principal a protecção de habitats da flora e da fauna. Os Monumentos Naturais correspondem a espaços singulares e raros em termos naturais, de importante representação científica, cultural, ecológica e estética, que justificam a manutenção da sua integridade e conservação. As Paisagens Protegidas são todas aquelas que possuem grande valor estético ou natural, de interesse regional ou local, pelo facto de resultarem de uma equilibrada e harmoniosa relação entre as actividades humanas e a natureza. A Rede Natura 2000 é constituída pelo conjunto das Zonas de Protecção Especial (ZPE) e das Zonas Especiais de Conservação (ZEC), resultantes da aplicação de duas directivas comunitárias: a das Aves e a dos Habitats.

Referências do Documento:
  • área protegida. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Árvore

Fogo

Fogueira

A descoberta dos modos de obtenção do fogo foi uma das mais importantes para a sobrevivência da humanidade. Desconhece-se, no entanto, desde quando é que se conseguiu obter fogo artificialmente. Na China, em Chukutien, o Sinanthropus, um hominídeo (cerca de 150 000 anos a. C.), foi descoberto com um resto de cinzas, este facto pode ser demonstrativo de que este hominídeo já conhecia o processo de obtenção de fogo.
O fogo deve ter sido, inicialmente, obtido de modo indirecto, isto é, derivado de um acidente natural: um raio, um vulcão ou outro. Há várias formas de produzir fogo artificialmente: por exemplo, os índios norte-americanos, os polinésios e algumas tribos da África central obtêm fogo através do método de fricção de dois paus, quer por rotação, quer por serração; nos Aleútes (ilhas situadas na costa noroeste da América do Norte) e no México usavam o método de percussão (faísca obtida como resultado do choque entre duas pedras que se propaga a uma matéria facilmente inflamável - é, no fundo, o método que ainda hoje se usa nos isqueiros). Outros modos de obtenção de fogo, mas mais recentes, são a electricidade ou os produtos químicos combustíveis.
A descoberta do fogo foi uma autêntica revolução nos costumes do homem. Desde logo pôde deixar de comer carne crua e passar a comer carne cozinhada, este acontecimento não deixou de ter consequências fisiológicas, a nível dentário ou a nível do aparelho digestivo. O fogo permitiu ainda o trabalho sobre os metais, que terá implicações tanto em termos bélicos como em termos de agricultura, respectivamente, através do fabrico de armas para a guerra e de instrumentos úteis para o cultivo da terra. Assistimos ao surgimento de diversos progressos técnicos associados à utilização do fogo: fractura de materiais duros (pedra, chifre de cervos), no Paleolítico inferior ou médio, e endurecimento ao fogo de armas de madeira (Paleolítico médio). Mas é com o Paleolítico superior que a utilização do fogo se intensifica: oxidação dos corantes, cozedura de estatuetas de pastas maleáveis, aquecimento do sílex para facilitar o talhe, modulação a quente dos chifres de cervo, sem esquecer a iluminação através de lamparinas de pedra e tochas, com intuitos mistos de aquecimento e auxílio na caça. Este domínio do elemento vai permitir o evoluir no sentido das verdadeiras "artes do fogo", a cerâmica, a vidraria e a metalurgia, surgidas com o Neolítico e a Idade do Bronze.
Mas a descoberta do modo de obtenção do fogo não teve apenas implicações materiais, teve também implicações espirituais. O fogo, elemento poderoso, capaz de iluminar e aquecer a um só tempo passou a ser tomado como o símbolo por excelência da divindade. Não se pode afirmar que estes povos adorassem o fogo em si mesmo, mas antes que viam nele, nas características que dele dimanam, uma representação de Deus; seria também um símbolo da vida em si mesma ou da alma, uma vez que este se serve de uma matéria que consome até ao fim para se manifestar, do mesmo modo que a vida se serve de um corpo para se tornar patente e o consome até à morte. Da importância que o fogo tinha nos cultos divinos julga-se facilmente observando o seu papel desde a mais alta antiguidade: o Lar dos Árias; o Prometeu dos gregos; os deuses Lares ou Penates dos romanos ou as Vestais, sacerdotisas que tinham por missão manter o fogo sagrado sempre aceso nos templos dedicados a Vesta; o Agni do Hinduísmo; o fogo sacrificial entre os judeus; o Espírito Santo entre os Cristãos. Há ainda vestígios pagãos adoptados e adaptados pelo cristianismo, como o das fogueiras de São João, que decorre no Solstício de Verão, como já decorria com o deus Janus.
No Zodíaco ocidental, existem três signos que pertencem a este elemento: o Carneiro, o Leão e o Sagitário, cujos nativos são dotados de grande entusiasmo, força de decisão e fé.
Desde a antiguidade clássica que o fogo aparece como o mais subtil dos quatro elementos (do mais grosseiro ao menos denso, respectivamente, a terra, a água, o ar e o fogo); destes elementos, o fogo é o único que manifesta uma tendência puramente ascendente, enquanto que o ar se espalha horizontalmente para cima, a água espalha-se horizontalmente para baixo e a terra tende, como movimento essencial, para a queda. O fogo aspira ao superior, queima a sua matéria sempre apontando a direcção do céu, do espírito. É ainda de destacar o mito do Prometeu que demonstra que a importância do fogo é tão grande que era zelosamente guardado pelos deuses e que só um roubo foi capaz de o entregar aos homens. Roubo este que não deixou de ter como castigo uma pena eterna: Prometeu agrilhoado a uma rocha para todo o sempre, com um abutre comendo-lhe o fígado que se renova a todo o momento. Este castigo terrível, que o mito representa, é suficiente para se perceber da importância que a descoberta do processo de obtenção do fogo teve, uma vez que deixou de ser posse exclusiva dos deuses, que enviavam o trovão ou acordavam os vulcões.

Referências do Documento:
  • fogo. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Al Gore

Retrato Oficial
1994
Albert Arnold Gore Jr.
Vice-Presidente dos EUA
Prémio Nobel da Paz - 2007

Político e activista ambiental norte-americano, Albert Arnold Gore Jr. nasceu a 31 de Março de 1948, em Washington, na altura em que o seu pai estava no décimo ano na Câmara dos Representantes. Passou a juventude no Tennessee e, após se ter licenciado em Harvard, em 1969, viajou para o Vietname onde, apesar de ter contestado a guerra, trabalhou durante cinco meses como repórter militar.
Foi membro da Câmara dos Representantes de 1976 a 1984 e do Senado de 1984 a 1992. Nesse ano foi eleito para a vice-presidência dos EUA, com Bill Clinton como presidente. Ambos foram reeleitos em 1996. Em 2000 candidatou-se às eleições presidenciais mas perdeu para George W. Bush.
As suas mais conhecidas preocupações são a defesa do ambiente e o desarmamento. Em 2006, Davis Guggenheim realizou o documentário ambientalista An Inconvenient Truth (Uma Verdade Inconveniente), que se revelou um êxito no Festival de Cinema de Sundance e, para alguns críticos, uma referência no género. Neste filme, o espectador acompanha o esforço e a luta de Al Gore, a quem cabe o papel principal, para travar o aquecimento global e alertar para o problema, sensibilizando a comunidade mundial e evitando tratar a questão como se de política se tratasse, mas antes considerando-a como um desafio para a Humanidade. An Inconvenient Truth viria, aliás, a ganhar os Óscares de Melhor Documentário e Melhor Canção Original na noite de atribuição destes galardões, em 2007. Nesse mesmo ano, foi galardoado, juntamente com o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), com o Prémio Nobel da Paz, pelos esforços empreendidos na luta pela preservação do meio ambiente e contra o aquecimento global.


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  • Al Gore. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Tratamento da Água

A necessidade que o homem tem de água, quer para a sua alimentação quer para as múltiplas actividades que desempenha (na agricultura, indústria, etc.), conduziu, não apenas a um aumento do consumo deste recurso, como também à sua contaminação com produtos indesejáveis, sendo, por isso, necessário despoluí-la, tratá-la, até poder estar em condições de ser consumida ou devolvida ao meio natural, após utilização.
O tipo de tratamento a que a água tem de ser sujeita depende quer do fim a que se destina quer da sua origem, podendo assim considerar-se três processos distintos: tratamento de água para consumo, tratamento de águas residuais urbanas (esgotos) e tratamento de efluentes industriais.
O tratamento da água para consumo implica diversas etapas por forma a garantir a sua pureza química e biológica, independentemente da sua origem (nascentes, lagos, rios, etc.). As várias fases deste processo iniciam-se com uma gradagem (para retirar resíduos de grandes dimensões), seguindo-se vários processos físico-químicos de floculação e de decantação (por forma a assegurar a clarificação e depuração da água). Após esta, ou estas operações, faz-se uma filtragem rápida, seguida de uma ozonização, por forma a garantir a esterilização e eliminação de vírus, assim como a oxidação e eliminação de vários micropoluentes. Findo este processo, pode considerar-se a água pronta para consumo.
O tratamento das águas residuais urbanas (esgotos) realiza-se em ETARs (Estações de Tratamento de Águas Residuais), por forma a garantir a despoluição destes efluentes antes da sua devolução ao meio. Este processo implica três tipos de tratamento, sendo que, regra geral, apenas se realizam os dois primeiros, por motivos económicos: após um tratamento mecânico inicial, por forma a garantir a remoção de objectos de grandes dimensões e de areia, segue-se o tratamento biológico, visando eliminar a carga poluente orgânica. Este último processo é realizado através do recurso a leitos percoladores ou bacterianos, os quais são formados por materiais porosos (por exemplo, cascalho), no seio dos quais o oxigénio circula facilmente garantindo o desenvolvimento de uma ampla fauna microbiológica aeróbia, que por sua vez é responsável pela remoção e digestão da matéria orgânica contida na água, sendo despejada, por aspersão, sobre o leito. Outro processo possível é a utilização de tanques de lamas activadas, nos quais as águas, após decantação, são enviadas para bacias de arejamento, onde são agitadas e oxigenadas, favorecendo a degradação microbiana aeróbia (na presença de O
2) da matéria orgânica e a formação de flocos de lamas (ditas activadas), as quais são removidas, posteriormente, por decantação. Estas lamas, obtidas ao longo dos vários processos de tratamento dos esgotos, são digeridas em câmaras fechadas aquecidas, por acção de microorganismos anaeróbios, obtendo-se, como produtos finais, um sedimento seco e praticamente sem cheiro, assim como gás metano, susceptível de ser usado como combustível. O terceiro tipo de tratamento que pode ser aplicado às águas residuais urbanas, é uma depuração físico-química, a qual garante a eliminação de materiais não-biodegradáveis, mas que, por apresentar custos económicos elevados, só é usada pontualmente.
O tratamento dos efluentes industriais é altamente específico, já que vai depender do tipo de indústria e do tipo de poluição que lhe está associado: assim, enquanto que uma despoluição biológica é (regra geral) suficiente para efluentes de industrias pecuárias (ex., vacarias e pocilgas), já não o é para os efluentes provenientes de, por exemplo, indústrias químicas ou farmacêuticas, para os quais se impõem processos de depuração físico-química, ou, no caso de indústrias de tratamento de metais, processos de precipitação. Por isto facilmente se compreende a importância de cada indústria desenvolver metodologias próprias e específicas de despoluição dos seus efluentes líquidos, já que o tratamento realizado em ETARs é insuficiente para descontaminar este tipo de águas residuais.
A 22 de Março, comemora-se o Dia Mundial da Água e a 1 de Outubro o Dia Nacional da Água.


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  • tratamento da água. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Reciclagem

A reciclagem de desperdícios durante um processo de fabrico é corrente na indústria. É o caso da indústria da madeira, que aproveita desperdícios para o fabrico de aglomerados. Começa também a ser vulgar o uso imediato de subprodutos de uma determinada indústria noutra indústria. É o caso do fabrico de rações alimentares para animais a partir dos subprodutos das indústrias cervejeiras e das destilarias (malte e bagaços). Este processo é geralmente designado por "reciclagem interna", em contraponto com a "reciclagem externa" como é a recuperação de papel, metal, material de vidro (por exemplo, garrafas) etc., usados.
O papel pode ser transformado em polpa e reprocessado em papel reciclado, cartões e outros produtos. O vidro pode ser triturado e utilizado para substituir a areia na construção civil, no betão ou no asfalto, ou pode ser refundido e utilizado no fabrico de novos materiais de vidro. Determinados plásticos podem ser refundidos e com eles fabricarem-se placas sintéticas. Estas placas, não sendo biodegradáveis, podem utilizar-se em vedações, sinalizações, estaleiros, etc. Os metais podem ser refundidos e refabricados. Reciclar o alumínio pode poupar cerca de 90% da energia gasta para fazer o mesmo objecto com alumínio proveniente da blenda (minério de alumínio). Restos de alimentos e desperdícios caseiros (gorduras, folhas, etc.) podem ser transformados por compostagem para produzir adubos. Os produtos têxteis podem ser reciclados em adubos para utilizar na agricultura. Pneus velhos podem ser fundidos ou triturados e transformados em numerosos produtos.
A reciclagem torna-se mais rentável quando se procede à pré-separação dos produtos a reciclar. Com a crescente consciência ecológica das populações, este sistema está a ganhar a adesão de muitas comunidades, onde são distribuídos contentores para plástico, metal, vidro, papel, pilhas, etc. - os ecopontos. O abandono conjunto daqueles materiais implica uma prévia selecção antes da sua distribuição às diferentes indústrias.


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  • reciclagem. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2
Reciclagem



Maré Negra


Causas

As marés negras dizem respeito à poluição dos mares e zonas litorais por grandes manchas de hidrocarbonetos (petróleo e derivados), os quais representam cerca de 10% do total anual da poluição dos oceanos. Todos os anos são derramadas cerca de 3 000 000 de toneladas de petróleo nos oceanos.
As principais causas de marés negras são a ruptura de oleodutos, o transporte de hidrocarbonetos em alto-mar, pelos petroleiros, e as actividades de exploração petrolífera off-shore (plataformas de exploração de jazigos de petróleo, através de perfurações submarinas, localizadas nos limites das plataformas continentais).
Embora alguns derrames de petróleo ocorram em sequência de acidentes (naufrágios, colisões, explosões, etc.), uma parte muito significativa ocorre devido a insuficiências técnicas ou como resultado de medidas pouco escrupulosas de redução de gastos. Como exemplo, refira-se o caso das explorações de pesquisa nas plataformas off-shore que libertam para os oceanos lamas com altos teores em hidrocarbonetos, que podem, em alguns casos, atingir os 30%, ou ainda, a lavagem de tanques dos petroleiros em alto-mar, uma prática regular, embora proibida pela lei marítima internacional, por forma a poupar tempo e gastos durante as paragens nos portos. De salientar ainda o mau estado de grande parte da frota marítima internacional, formada em elevada percentagem por navios com mais de 20 anos de idade e em deficientes condições de manutenção, assim como a inadequada preparação técnica de muitas tripulações.

Consequências

As marés negras originam grandes catástrofes ecológicas, continuando a ocorrer, mau grado a existência de inúmeros incidentes históricos, como, por exemplo, o derrame no Alasca, em 1964, de 40 000 T de crude, afectando 1744 Km de costa e muito mais de 30 000 animais marinhos. São também ainda exemplos de marés negras históricas as provocadas pelo naufrágio dos petroleiros Torrey Canyon, em 1967, libertando 170 000 T de petróleo no Canal da Mancha, e do Almoco Cadix, em Março de 1978, largando mais de 230 000 T de petróleo. Durante a Guerra do Golfo, em 1991, a libertação de mais de 600 000 T de petróleo nas águas do Golfo Pérsico deu também origem a uma das maiores marés negras de que há memória.
Os hidrocarbonetos petrolíferos são insolúveis na água e menos densos que esta, formando, em consequência destas propriedades, uma película extremamente delgada, monomolecular, à superfície da água, o que origina grandes manchas de petróleo que alastram rapidamente.
As consequências das marés negras são extremamente diversificadas e graves: a película opaca que se forma à superfície da água impede a entrada de luz nos oceanos e limita as trocas gasosas, originando uma forte redução da taxa de fotossíntese, assim como a asfixia de vários animais, devido à diminuição da quantidade de oxigénio dissolvido nas águas, o que acarreta ainda o incremento das populações de bactérias anaeróbias. A capacidade de auto-depuração das águas é também fortemente reduzida, havendo ainda interferências várias no ciclo da água e no regime de precipitações, já que as trocas de água entre os oceanos e a atmosfera são impedidas pela película de petróleo. As aves marinhas são extremamente afectadas pelas marés negras, não apenas devido à libertação de gases tóxicos, como os benzenos e o tolueno, mas também pelo facto de os hidrocarbonetos dissolverem a camada de gordura que torna as suas penas impermeáveis, tal como acontece com o pêlo de alguns mamíferos marinhos (focas, por exemplo), originando a morte por hipotermia. A ingestão de petróleo é também extremamente tóxica ocorrendo, por exemplo, quando as aves mergulham para pescar ou limpam as penas com o bico, já que o petróleo adere às penas tornando-as pesadas demais para voar ou nadar, afogando-se.
As áreas costeiras afectadas pelos derrames ficam, geralmente, estéreis durante vários anos, não apresentando qualquer manifestação de vida, à excepção de algumas bactérias devoradoras de hidrocarbonetos, em consequência da impregnação dos solos com compostos tóxicos. O impacto de um derrame petrolífero pode prolongar-se bastante no tempo, já que os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos são solúveis nas gorduras, sendo, por isso mesmo, fixados pelos seres vivos, nos quais actuam como agentes cancerígenos, a médio e longo prazo.
Os mecanismos de degradação do petróleo são ainda relativamente desconhecidos o que faz com que o combate aos derrames seja pouco eficaz: ocorre alguma degradação natural, devido a fenómenos de oxidação e evaporação, existindo também alguma degradação por digestão bacteriana (a engenharia genética tenta desenvolver uma bactéria super-predadora de hidrocarbonetos, que não tenha impactos negativos nos ecossistemas). O uso de detergentes, para o combate aos derrames, foi quase abandonado, uma vez que se revelaram ainda mais prejudiciais que os próprios hidrocarbonetos para a fauna e para a flora. A utilização de barreiras flutuantes e de navios- aspiradores são soluções não totalmente eficazes, já que as primeiras não são eficazes quando existe grande turbulência oceânica e os segundos não conseguem ser eficazes quando os derrames são muito grandes. O único remédio efectivo, neste momento, é mesmo a prevenção, desenvolvendo métodos de transporte seguros e evitando as fugas durante as perfurações.

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  • maré negra. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Ecologia Urbana

A descrição das formas de ocupação e apropriação do espaço em meio urbano foi promovida pela chamada Escola de Chicago. Aplicando os princípios teóricos da ecologia vegetal e animal às comunidades humanas, os seus cultores procuraram explicar o uso selectivo que os grupos humanos fazem do espaço urbano. Em similitude com as sociedades humanas, os sociólogos norte-americanos Park e Burgess usaram pela primeira vez, em 1921, a expressão "ecologia humana", justamente com o sentido de explicarem os comportamentos dos grupos humanos de acordo com idênticos comportamentos dos animais e vegetais em relação ao ambiente em que se inscrevem. Foi Park quem instituiu a teoria da relação causal entre distância social e distância física: o que está em causa é fundamentalmente, neste período, a existência de uma sociologia do espaço a partir da qual as diferenças sociais entre grupos podem ser "medidas" (1974, Duchac - La sociologie des migrations aux États-Unis. Paris: Mauton). Segundo esta teoria, os grupos diferenciados ocupam as parcelas do espaço - numa ordem de importância étnica, social e económica - em processo conflituoso, de acordo com a capacidade que uns têm para se sobrepor aos demais, levando tal circunstância ao domínio de uns sobre outros ou, em alternativa, à assimilação progressiva dos mais fracos pelos mais fortes. É nesta perspectiva que se emprega a expressão áreas naturais para designar os espaços homogéneos não planificados cuja ocupação natural e selectiva deriva da diferença entre os grupos sociais; essa diferença tende a ser minimizada com o tempo: assim, aqueles que, por efeito das migrações, se situam num espaço marginal e de segregação, à medida que se vão integrando na comunidade, tenderão a ocupar espaços mais nobres na cidade. Burgess dá uma explicação dos espaços selectivos da cidade a partir do que chama círculos concêntricos, iniciados no espaço disputado por excelência - o Central Business District. À medida que a distância aumenta em relação a esse centro, o espaço vai perdendo importância social e económica e, por conseguinte, deixa de ser tão procurado até se tornar espaço de segregação em meio urbano. Assim, também Wirth (1997, "O urbanismo como modo de vida". In Cidade, cultura e globalização (org. Carlos Fortuna). Oeiras: Celta Editora) usa a expressão densidade para explicar as "selectividades" sociais que se geram em torno de um espaço. A maior concentração de indivíduos tende a criar diferenciação e especialização: os que migram para a cidade são acolhidos, na grande maioria, num espaço segregado - o gueto - que lhes permite uma primeira socialização (vista até como uma vontade de conterrâneos para permanecerem em conjunto); pouco a pouco a sua integração e socialização é acompanhada por uma partilha do espaço, tendencialmente indistinta, com os naturais e aqueles que há mais tempo aí se encontram radicados. A Escola de Chicago deu largo desenvolvimento à teoria da integração progressiva (melting-pot, isto por referência aos estrangeiros na sua relação com os naturais dos países de imigração), sustentada na ideia de que as populações migrantes se fundem com as populações autóctones pela acção do tempo.

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  • ecologia urbana. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Biodiversidade

Biodiversidade refere-se à variabilidade dos seres vivos que se encontram no mundo natural. O conceito abrange a diversidade genética das espécies, a diversidade genética dentro de uma dada espécie, e também a diversidade dos ecossistemas e habitats. Contudo, o foco principal do tema "biodiversidade" incide sobretudo nas espécies.
A selecção natural operou a especiação (criação de novas espécies), bem como a extinção de espécies. Ao longo do tempo geológico, o balanço deste processo favoreceu nitidamente o aparecimento de novas espécies, ou, dito de outra maneira, a biodiversidade.
Ninguém sabe ao certo qual o número de espécies existentes. Somente se pode afirmar que se encontram descritas cerca de 1,4 milhões de espécies e que muitas mais existem. Muita gente desconhece completamente a grande diversidade das espécies que existem num grupo taxonómico. Grupos especialmente ricos em espécies conhecidas são o das plantas com flores (220 000 espécies) e o dos insectos (750 000 espécies). Grupos mais pequenos, como o das aves e dos fetos, são também ricos em espécies que são desconhecidas da generalidade das populações. Os taxonomistas sabem que o seu trabalho de encontrar e descrever novas espécies está incompleto. Grupos que são facilmente visíveis ou que são importantes comercialmente (tais como as aves, os mamíferos, os peixes e as plantas arbóreas) são muito mais conhecidos, explorados e descritos que outros que não têm o mesmo interesse (como pequenos invertebrados, nematodos do solo, fungos e bactérias).
Calcula-se que o número de espécies que se encontram nas florestas tropicais é muito maior que a dos seres vivos que vivem no conjunto de todos os outros habitats. Cada vez mais os taxonomistas exploram as florestas tropicais. De acordo com O. Wilson, biólogo da Universidade de Harvard, o número de espécies ultrapassa os 100 milhões. Seja qual for o número, a biodiversidade do planeta representa um assombroso armazém de riqueza biológica.
A 22 de Maio, comemora-se o Dia Internacional para a Diversidade Biológica.


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  • biodiversidade. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Rede Natura 2000

A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica europeia, constituída por Zonas de Protecção Especial (ZPE) e por Zonas Especiais de Conservação (ZEC). Estas zonas foram criadas com o objectivo particular de conservação das aves, respectivos habitats e conservação dos habitats naturais em geral, da fauna e flora. Do conjunto dos países que formam a União Europeia, existem cinco estados que, por se localizarem na região mediterrânica, possuem uma notável diversidade de habitats e espécies que são relevantes no que diz respeito à concretização dos objectivos da Rede Natura 2000. Entre eles encontra-se Portugal.
Os objectivos principais da rede são: contribuir para assegurar a conservação dos habitats de aves, da fauna em geral e da flora que se encontrem ameaçados, ou que sejam significativas no espaço da UE. A partir das listas nacionais, elaboradas pelos Estados Membros com vista à protecção especial (ZPE), são seleccionados os Sítios de maior Importância Comunitária (SIC) que, por sua vez, dão lugar a Zonas Especiais de Conservação (ZEC). Esta rede ecológica resulta pois da implementação de duas directivas comunitárias: a directiva das aves - 79/409/CEE e a dos habitats - 92/43/CEE. Portugal desempenha, neste contexto, um importante papel no cumprimento dos objectivos da Rede Natura 2000 dada a riqueza do seu património natural e grande biodiversidade. No âmbito da primeira directiva o nosso país declarou em 1998 um conjunto de áreas de ZPE. Desde então, com base na informação mais actual do Instituto de Conservação da Natureza (ICN), novas propostas de criação de ZPE têm sido apresentadas. No caso português, o ICN é o órgão responsável pela apresentação da Lista Nacional de Sítios. A partir das Listas Nacionais, o processo de selecção dos Sítios de Importância Comunitária é efectuado por meio da análise e discussão bilateral, entre a Comissão e os Estados Membros.



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  • Rede Natura 2000. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Greenpeace


Logotipo da Greenpeace

A organização internacional ecológica Greenpeace surgiu em 1971, em Vancouver, no Canadá, fundada por um grupo de activistas que procuravam um mundo com mais paz e respeito pelo ambiente. Hoje em dia está sediada em Amesterdão, na Holanda, e tem mais de 2,8 milhões de associados em todo o mundo e mais de quarenta delegações na Europa, Ásia e América. Para fazer face aos custos a organização só aceita donativos dos seus associados ou de fundações e rejeita ofertas de governos ou empresas.
A primeira acção da Greenpeace, em Setembro 1971, foi levada a cabo por activistas que, usando um velho barco de pesca, rumaram a Amchitka, uma pequena ilha junto ao Alasca, onde os Estados Unidos da América efectuavam testes nucleares. Várias espécies animais eram ameaçadas por esses testes. O barco onde seguiam, rebaptizado Greenpeace para aquela missão, foi interceptado antes de chegar à ilha, mas os activistas conseguiram atrair a atenção a nível internacional. No ano seguinte os EUA pararam com os testes. Mais tarde a ilha foi declarada um santuário de aves.
O barco foi capturado a 30 de Setembro de 1971 pela guarda-costeira norte-americana. No regresso a Vancouver, dois dos fundadores, satisfeitos com o sucesso da missão, sugeriram que fosse criada a Fundação Greenpeace. Em Janeiro do ano seguinte, alguns dos activistas que participaram na acção fundaram a Fundação Greenpeace Mundial. Entretanto, o movimento Don't Make a Wave Committee, que participara na acção pela ilha de Amchitka, mudou o seu nome para Fundação Greenpeace, que se viria fundir com a outra fundação.
Em 1976 já havia grupos ecologistas a usar a denominação Greenpeace no Canadá, Estados Unidos da América, Inglaterra, França e Nova Zelândia.
A Greenpeace International, modelo de organização que ainda hoje subsiste, viria a ser formada em Novembro de 1979 em Amesterdão.
A Greenpeace recorre a métodos não-violentos para expor os problemas de ambiente e, dessa forma, forçar a que surjam soluções mais ecológicas. Hoje em dia combate as alterações climáticas, protege as florestas e os oceanos, luta contra a caça à baleia, contesta a engenharia genética e as ameaças nucleares, defende a eliminação de resíduos tóxicos.
Um dos métodos de acção mais conhecidos da Greenpeace é marcar presença nos locais onde dizem haver crimes contra a natureza, nomeadamente no mar. O barco Rainbow Warrior é o seu veículo mais conhecido.
Entre as conquistas da Greenpeace estão a proibição de exportação de lixos tóxicos para países menos desenvolvidos, uma moratória sobre comércio de baleias, um santuário de baleias e a proibição do despejo no mar de resíduos nucleares e lixos industriais e da realização de testes de armas nucleares.


Referências do Documento:
  • Greenpeace. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

ETAR

Uma Estação de Tratamento de Águas Residuais - ETAR - corresponde a uma infra-estrutura de extrema importância e uma solução para a despoluição de múltiplos cursos de água para onde, diariamente, são canalizados através das redes de esgotos, grande carga de efluentes poluentes de forma quase ininterrupta. Estas estações, normalmente localizadas no troço final de um curso de água, recebem de forma contínua os resíduos líquidos urbanos canalizados através da rede pública de esgotos. Posteriormente submete esses efluentes a um tratamento que se processa de forma faseada. A primeira fase corresponde ao pré-tratamento. Nesta fase as águas brutas (esgotos ou águas residuais), produzidas pela população, são admitidas na ETAR por intermédio dos colectores principais, passando por uma câmara de chegada onde, através de uma grade automática, são filtrados os resíduos sólidos de maior dimensão. Estes são descarregados para um contentor de armazenagem e enviados para um aterro sanitário. Em seguida a água residual passa por tamisadores, sendo retirados sólidos de dimensão mais pequena. Já desprovida de sólidos a água residual passa por unidades de tratamento: desarenador, desengordurador, de forma a remover as areias e as gorduras. A segunda etapa corresponde ao tratamento primário. Esta segunda fase desenvolve-se em decantadores primários. Aqui são separadas a parte líquida e a parte sólida em suspensão, que resistiram ao pré-tratamento. A água residual é filtrada e são adicionados floculantes de forma a acelerar a agregação das partículas e a sua decantação. Estas acumulam-se no fundo do tanque, enquanto que a parte líquida se escoa junto à superfície. A terceira fase - tratamento secundário ou biológico efectua-se nos tanques de arejamento. A adição de oxigénio e microorganismos ajudam a decompor as impurezas que ainda permanecem na água residual e vão transformá-las em lamas, que se acumulam no fundo deste gigantesco recipiente, permitindo uma terceira filtragem. Finalmente, na quarta etapa ou tratamento terciário, a água residual é submetida a uma desinfecção efectuada por meio de radiação ultravioleta, de modo a eliminar por completo os microorganismos que possam ainda existir, tornando-a mais pura. Posteriormente, efectua-se a sua descarga para o exterior.

Referências do Documento:
  • ETAR. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Política dos 3R

Um dos maiores problemas sociais, com grandes implicações ao nível ambiental e que mais chama os cidadãos a intervir, é o destino a dar aos resíduos sólidos e urbanos que se produzem cada vez em maior quantidade. Ultrapassada a fase das lixeiras, a aposta tem sido cada vez maior na incineração - com aproveitamento energético, mas com custos ao nível da poluição atmosférica por emissão de substâncias poluentes - e na reciclagem. Esta constitui o primeiro "R" e permite a transformação de resíduos em materiais úteis, como, por exemplo, o papel e o vidro reciclados. Os cidadãos têm neste processo um papel fundamental, pois podem separar os diversos tipos de resíduos e colocá-los nos recipientes próprios - vidrão, papelão, plasticão e pilhão - existentes nos ecopontos. O segundo "R" é de reutilizar, que consiste em fazer novos usos de materiais já utilizados ou usar de novo esses mesmos materiais. Com esta atitude reduz-se a quantidade de resíduos e poupam-se os recursos naturais. Usar pilhas recarregáveis, comprar embalagens com retorno, usar sacos de pano para as compras, utilizar, para rascunho, os versos em branco de folhas de papel são exemplos de reutilização. Por último, mas não menos importante, vem o "R" de reduzir. Neste caso, importa diminuir o consumo de produtos, rentabilizar esse consumo e utilizar produtos que produzam menos resíduos. Assim devem preferir-se produtos de longa duração, como o uso de pilhas recarregáveis, a utilização, nas empresas, de canecas de cerâmica individuais em vez de copos de plástico, e o uso de lâmpadas de consumo económico que são mais duráveis. Deve, por exemplo, promover-se a duração de materiais de consumo rápido e a impressão em modo de rascunho, assim como comprar produtos menos embalados.
Contribuir para um mundo mais saudável e equilibrado é responsabilidade de todas as pessoas, e os cidadãos que muitas vezes se sentem à margem dos destinos da sociedade têm na política dos três "R" uma forma simples e eficaz de participação civicamente responsável.


Referências do Documento:
  • política dos 3 R. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Aterro com Controlo Sanitário

Um aterro com controlo sanitário é uma das soluções utilizadas para o tratamento de lixos urbanos, sendo, basicamente, um local onde se faz o depósito de lixos, de um modo controlado e selectivo, não sendo permitidos resíduos perigosos.
A explosão demográfica humana e a industrialização crescente levaram a que a produção de resíduos sólidos urbanos se tornasse um problema a nível mundial, não apenas devido ao espaço ocupado pela grande quantidade de resíduos acumulados, mas também pela poluição e contaminação (solos, ar e água) gerada por estes resíduos.
A solução inicial conduziu à utilização de lixeiras, as quais mais não são do que áreas imensas, mais ou menos afastadas dos centros urbanos, onde se realiza um depósito indiscriminado de todo o tipo de lixos e resíduos e, por vezes, a sua queima a céu aberto. No entanto, além do facto de o espaço disponível rapidamente ficar saturado, a poluição e a contaminação ambiental são imensas: os lixos apodrecem e/ou ardem a céu aberto, provocando a contaminação do meio ambiente com substâncias nocivas e, até mesmo, tóxicas (resultantes, por exemplo, da queima de plásticos), além de as lixeiras se constituírem como um foco de propagação de doenças causadas por bactérias e vírus. As escorrências resultantes da degradação dos resíduos, juntamente com as águas da chuva, infiltram-se no solo, sem qualquer tratamento, contaminando lençóis de água subterrâneos - os quais muitas vezes são utilizados como fontes para o abastecimento público - que desaguam em cursos de águas superficiais, originando a poluição de águas usadas para rega e actividades de recreio, assim como a contaminação de peixes, aves e mamíferos, entre outros seres vivos afectados.
Em presença de tão graves contaminações ambientais, resultantes das lixeiras, a solução encontrada para minorar estes aspectos negativos é a criação de aterros com controlo sanitário (aterros sanitários), os quais, expressam já algumas preocupações pelo ambiente, nomeadamente:
- O local de implantação de um aterro sanitário deve ser objecto de um estudo de impacto ambiental, não sendo um local indiscriminado;
- O tipo de resíduos que são depositados é controlado, não sendo permitidos resíduos radioactivos; inflamáveis; explosivos; infecciosos; hospitalares; muito corrosivos ou com reactividade perigosa; susceptíveis de originar gases ou outro tipo de produtos tóxicos, em contacto com a água ou outros resíduos;
- Os acessos são controlados;
- O lixo não está exposto ao ar nem é queimado, sendo enterrado diariamente em compartimentos definidos (células), e recoberto com terra, sobre a qual são semeadas espécies vegetais, sobretudo, arbóreas;
- Não há ocorrência de maus cheiros, resultantes de queima ou putrefacção;
- Não ocorre libertação de escorrências directamente para o solo, permanecendo estes desintoxicado, devido ao facto de as paredes laterais (taludes) e base (solo) do aterro serem impermeabilizadas, havendo ainda um sistema de recolha de lixiviados e escorrências, que são encaminhados para uma estação de tratamento de águas residuais e uma rede de captação de biogás, produzido durante a degradação dos resíduos orgânicos, o qual pode ser usado para a produção de energia, assegurando assim uma rentabilização económica dos lixos;
- Espaços envolventes são arborizados.
No entanto, mesmo tendo em conta todas estas preocupações ambientais, o aterro sanitário não é uma solução total para o tratamento/escoamento de resíduos, visto que apenas permite eliminar certos tipos de lixos, além do facto de terem uma duração limitada, devido ao preenchimento do espaço disponível. O aterro deve constituir-se como um complemento das soluções de tratamento industrial de resíduos sólidos urbanos, sendo o depósito final de resíduos após terem ocorrido a operações de separação de materiais susceptíveis de sofrerem reutilização, reciclagem ou compostagem, e podendo ser também o depósito final das escórias resultantes da incineração de determinados tipos de lixos não-biodegradáveis ou perigosos para o ambiente, desde que estes estejam inertes, isto é, não reactivos e desprovidos de capacidade de contaminação ambiental. Apenas deste modo se poderá prolongar o tempo de vida útil de um aterro com controlo sanitário, reduzindo a quantidade e volume dos resíduos que aí são depositados, evitando a mobilização de novas áreas para o depósito de lixos.

Referências do Documento:
  • aterro com controlo sanitário. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Água

Elemento

A água, tal como o sol, é praticamente inseparável da vida na Terra. Os conhecimentos de biologia permitem afirmar, com pequena margem de incerteza, que a vida se originou primitivamente na água. Em virtude da sua abundância e grande dispersão, a água é, por vezes, considerada como um líquido inerte, destinado a preencher os espaços dos seres vivos e entre os inertes. Contudo, a água é uma das substâncias mais importantes que existem, por ser absolutamente indispensável aos seres vivos, altamente reactiva, com propriedades pouco frequentes que a diferenciam da maioria dos outros líquidos.
A água e os produtos da sua ionização, iões hidrogénio (H
+) e oxidrilo (OH-), são factores imprescíndíveis na determinação da estrutura e das propriedades biológicas de todos os componentes celulares.
A água possui pontos de fusão, ebulição e calor de vaporização, e uma tensão superficial de maior valor que os outros líquidos que contêm hidrogénio nas moléculas (H2S e NH3) e que a maior parte dos líquidos correntes. A coesão interna entre as moléculas da água é relativamente elevada.
Pelo seu poder ionizante, a água é um bom dissolvente. Muitos sais dissolvem-se com facilidade na água, assim como substâncias não iónicas como os açúcares, alcoóis, aldeídos e cetonas.
A água encontra-se na natureza nos três estados, sólido, líquido e gasoso. A designação de água em sentido restrito reserva-se para o estado líquido, pois no estado sólido denomina-se granizo, neve ou gelo, e no estado gasoso vapor de água.
A água é um líquido inodoro, transparente e, quando observada em pequenas espessuras, incolor.
Sendo uma substância com comportamento específico diferente do de qualquer outro composto conhecido, é a partir das suas propriedades físicas que se definem as dos outros compostos. Assim, por exemplo, o seu ponto de ebulição tomou-se para 100 na escala centígrada e o seu ponto de congelação tomou-se para zero na mesma escala.
A sua densidade máxima verifica-se à temperatura de 4 oC e é-lhe atribuído o valor 1, ou seja, é tomada como unidade para determinação da densidade.
Para a água ser considerada potável, deve apresentar as seguintes características qualitativas: não ter sabor; não ter cheiro; não se alterar com o tempo nem deixar depósito. Deve apresentar também as seguintes características quantitativas: ter o pH entre 5,0 e 8,5; a concentração de nitratos não ultrapassar 1,5 mg/l; o teor de cloretos não ultrapassar os 150 mg/l; a matéria oxidante não apresentar uma concentração, expressa em oxigénio, superior a 2,0 mg/l; o resíduo seco não ultrapassar os 100 mg/l; não ter presentes bactérias patogénicas, nem nitratos e amoníaco. A presença de nitratos é indicadora de água inquinada.
Para fins industriais, a água, dependendo da sua utilização, deve obedecer a outras condições. O teor de carbonatos e sulfatos dissolvidos na água denomina-se dureza.
A água que contém em solução sais minerais em quantidade suficiente para lhe caracterizar o sabor denomina-se água mineral. Em geral, sai da nascente a temperatura superior à do ambiente (se a diferença for superior a 5 ou 6 oC denomina-se água termal). Em virtude do efeito terapêutico de algumas das substâncias dissolvidas designa-se, também, por água medicinal.
Simbologia

A tradição grega e também a maior parte das tradições do Mundo aceitam a existência de quatro elementos - ar, água, terra e fogo -, dos quais a água é o primeiro de um ciclo evolutivo da vida. Admitia-se ainda a existência de um quinto elemento, o éter, que tanto estaria ligado ao ar como ao fogo. Todos os elementos reagem uns com os outros e, por vezes, podem alterar a sua consistência e transformar-se num outro elemento. A água era um elemento associado ao temperamento linfático e resultava a partir do frio e do húmido, sendo graficamente representada por linhas ondulantes.
Os Vedas indianos, como grande parte das tradições da Ásia, referem-se à água como fonte de vida, força, fertilidade e pureza tanto para o corpo como para o espírito, ligada à origem da vida, dado que antes de tudo existiam as águas primordiais. A água corresponde ainda ao Yin e, segundo os alquimistas chineses, é o oposto do elemento fogo, a quem está também inevitavelmente ligada e no qual se transmuta.
Nas tradições judaica e cristã, a água é símbolo de mãe e primeira criação, está ligada aos oásis e à alegria da vida, da família, do casamento, do amor e da fertilidade. Purificadora, a água foi também escolhida pelo Espírito Santo como meio de transformação e de iniciação ao mundo divino. A água é ainda sinónimo de vida espiritual no episódio de Jesus no seu diálogo com a Samaritana.
Nas filosofias de iniciação maçónica, a água não era o primeiro mas sim o terceiro elemento, depois da terra e do ar, que significava a religião antes do quarto elemento, o fogo, que simbolizava a iniciação. A água era ainda sinónimo de emotividade e sensibilidade. Os sufis muçulmanos estabelecem outro tipo de ordem nos elementos, na qual a água ocupa o terceiro lugar, depois do ar e do fogo e antes da terra. A água é assim um estádio de evolução espiritual em que, após o ser humano se ter dado conta da existência da ilusão da vida (ar) e da sua recusa (fogo), chega a um ponto em que apreende a realidade divina primeiro através de uma imagem fluida e imprecisa (água), antes de se deparar com a realidade divina sólida (terra).
No Zodíaco, a água é o elemento ao qual pertencem os signos Caranguejo, Escorpião e Peixes. Jung considerava a água como um elemento passivo e feminino. Os chineses consideram haver cinco elementos: água, madeira, metal, terra e fogo. Segundo a filosofia chinesa, a água simboliza o que está em baixo, o Norte e o Inverno e corresponde ainda ao salgado, à gravidade, à chuva, ao milho amarelo, aos rins
, à cor negra, ao sangue, à cólera e à nota musical Yu.
A 22 de Março, comemora-se o Dia Mundial da Água e
a 1 de Outubro o Dia Nacional da Água
.
Referências do Documento:
  • água. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2