Desertificação

Deserficação

O conceito de desertificação pode ser definido, de acordo com a "Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação", como a degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e sub-húmidas, resultante de factores diversos, tais como as variações climáticas e as actividades humanas.
Apesar de ser um problema já muito antigo, só recentemente, nas últimas duas ou três décadas, a desertificação passou a ser um objecto de preocupação para muitos governos, devido ao facto de afectar a produção de alimentos e as condições de vida de milhões de pessoas.

As áreas abrangidas pelo problema da desertificação cobrem cerca de 33% da superfície terrestre, num total de aproximadamente 51 720 000Km2, afectando cerca de 900 milhões de pessoas, sendo África o continente mais afectado. A estas áreas podem ainda acrescentar-se as zonas hiper-áridas (desertos), que ocupam 9 780 000 Km2 (16% da superfície terrestre).



Risco de Desertificação a nível mundial

Regiões Semiáridas e Áridas de África


As causas conducentes à desertificação são diversas, podendo ter origem natural, como mudanças climáticas naturais, a exemplo da que conduziu à formação do deserto do Sara, entre 5000 a.C. e 1000 a.C., ou, antropológicas, isto é, devidas à acção do humana. A FAO ( Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) propõe cinco áreas de acção humana, como potenciadoras do efeito de desertificação:
  1.  degradação das populações animais e vegetais (degradação biótica ou perda da biodiversidade) de vastas áreas de zonas semi-áridas devido à caça e extracção de madeira;
  2. degradação do solo, que pode ocorrer por efeito físico (erosão hídrica ou eólica e compactação causada pelo uso de máquinas pesadas) ou por efeito químico (salinização ou solidificação);
  3. degradação das condições hidrológicas de superfície devido à perca da cobertura vegetal;
  4. degradação das condições geohidrológicas (águas subterrâneas) devido a modificações nas condições de recarga;
  5. degradação da infra-estrutura económica e da qualidade de vida dos assentamentos humanos.
Estes cinco componentes traduzem, de um modo genérico, os impactes negativos da acção do homem nos ecossistemas naturais, conduzindo à sua destruição e consequente desertificação. A poluição dos solos, a agricultura intensiva, o uso de químicos agrícolas, a sobreexploração madeireira, o pastoreio intensivo, a pressão urbanística, a extracção de areias e as alterações climáticas (nomeadamente, dos regimes de pluviosidade) devidas ao aumento artificial do efeito de estufa, são factores que, combinados, conduzem à destruição de solos, impedindo qualquer produção agrícola ou crescimento vegetal significativo, de, segundo dados das Nações Unidas, 6 milhões de hectares (60000 Km2) de solos, por ano, levando a percas económicas, devidas à desertificação, num valor de cerca de 4 biliões de dólares anuais.
A nível internacional têm sido tomadas várias medidas para tentar por cobro ao avanço da desertificação, sendo de destacar o Plano de Acção e Combate à Desertificação das Nações Unidas (1977), a Conferência das Nações Unidas sobre a Desertificação (Nairobi, 1977), os acordos de protecção ambiental e exploração controlada de recursos assumidos na ECO´92 (Conferência do Rio de Janeiro, também promovida pelas Nações Unidas, 1992) e ainda a elaboração do Map of the world distribution of the arid regions (UNESCO, 1970) e do World Atlas of Desertification (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).
O problema da pobreza está também directamente ligado à desertificação, já que 800 milhões de pessoas que não têm uma alimentação adequada vivem em regiões secas, necessitando de (sobre)explorar os parcos recursos que o meio disponibiliza para poderem obter alimento, agravando assim ainda mais a pressão de desertificação, num ciclo de retroalimentação positiva. Como tal, é obvio que antes da tomada de medidas de cariz conservacionista seja necessário primeiro garantir a subsistência dos habitantes destas áreas, o que implica a tomada de medidas económicas, políticas e até de redistribuição geográfica das populações, em algumas zonas do globo.
Em Portugal, o problema da desertificação coloca-se ao nível de algumas zonas secas, com regimes de pluviosidade muito baixos, como é o caso de certas regiões do Alentejo e interior Algarvio.
Um outro tipo de desertificação, a desertificação humana, é também um problema actual, devido à migração das populações do interior para as áreas litorais, desertificando as áreas interiores e originando uma pressão humana muito grande junto ao litoral.
A 17 de Junho, comemora-se o Dia Mundial da Luta contra a Desertificação e a Seca.
Referências do Documento:
  • desertificação. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

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