A explosão demográfica humana e a industrialização crescente levaram a que a produção de resíduos sólidos urbanos se tornasse um problema a nível mundial, não apenas devido ao espaço ocupado pela grande quantidade de resíduos acumulados, mas também pela poluição e contaminação (solos, ar e água) gerada por estes resíduos.
A solução inicial conduziu à utilização de lixeiras, as quais mais não são do que áreas imensas, mais ou menos afastadas dos centros urbanos, onde se realiza um depósito indiscriminado de todo o tipo de lixos e resíduos e, por vezes, a sua queima a céu aberto. No entanto, além do facto de o espaço disponível rapidamente ficar saturado, a poluição e a contaminação ambiental são imensas: os lixos apodrecem e/ou ardem a céu aberto, provocando a contaminação do meio ambiente com substâncias nocivas e, até mesmo, tóxicas (resultantes, por exemplo, da queima de plásticos), além de as lixeiras se constituírem como um foco de propagação de doenças causadas por bactérias e vírus. As escorrências resultantes da degradação dos resíduos, juntamente com as águas da chuva, infiltram-se no solo, sem qualquer tratamento, contaminando lençóis de água subterrâneos - os quais muitas vezes são utilizados como fontes para o abastecimento público - que desaguam em cursos de águas superficiais, originando a poluição de águas usadas para rega e actividades de recreio, assim como a contaminação de peixes, aves e mamíferos, entre outros seres vivos afectados.
Em presença de tão graves contaminações ambientais, resultantes das lixeiras, a solução encontrada para minorar estes aspectos negativos é a criação de aterros com controlo sanitário (aterros sanitários), os quais, expressam já algumas preocupações pelo ambiente, nomeadamente:
- O local de implantação de um aterro sanitário deve ser objecto de um estudo de impacto ambiental, não sendo um local indiscriminado;
- O tipo de resíduos que são depositados é controlado, não sendo permitidos resíduos radioactivos; inflamáveis; explosivos; infecciosos; hospitalares; muito corrosivos ou com reactividade perigosa; susceptíveis de originar gases ou outro tipo de produtos tóxicos, em contacto com a água ou outros resíduos;
- Os acessos são controlados;
- O lixo não está exposto ao ar nem é queimado, sendo enterrado diariamente em compartimentos definidos (células), e recoberto com terra, sobre a qual são semeadas espécies vegetais, sobretudo, arbóreas;
- Não há ocorrência de maus cheiros, resultantes de queima ou putrefacção;
- Não ocorre libertação de escorrências directamente para o solo, permanecendo estes desintoxicado, devido ao facto de as paredes laterais (taludes) e base (solo) do aterro serem impermeabilizadas, havendo ainda um sistema de recolha de lixiviados e escorrências, que são encaminhados para uma estação de tratamento de águas residuais e uma rede de captação de biogás, produzido durante a degradação dos resíduos orgânicos, o qual pode ser usado para a produção de energia, assegurando assim uma rentabilização económica dos lixos;
- Espaços envolventes são arborizados.
No entanto, mesmo tendo em conta todas estas preocupações ambientais, o aterro sanitário não é uma solução total para o tratamento/escoamento de resíduos, visto que apenas permite eliminar certos tipos de lixos, além do facto de terem uma duração limitada, devido ao preenchimento do espaço disponível. O aterro deve constituir-se como um complemento das soluções de tratamento industrial de resíduos sólidos urbanos, sendo o depósito final de resíduos após terem ocorrido a operações de separação de materiais susceptíveis de sofrerem reutilização, reciclagem ou compostagem, e podendo ser também o depósito final das escórias resultantes da incineração de determinados tipos de lixos não-biodegradáveis ou perigosos para o ambiente, desde que estes estejam inertes, isto é, não reactivos e desprovidos de capacidade de contaminação ambiental. Apenas deste modo se poderá prolongar o tempo de vida útil de um aterro com controlo sanitário, reduzindo a quantidade e volume dos resíduos que aí são depositados, evitando a mobilização de novas áreas para o depósito de lixos.
Referências do Documento:
- aterro com controlo sanitário. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2
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