A poluição é um facto indissociável da sociedade moderna, caracterizando-se
pela introdução de substâncias químicas, factores físicos ou agentes biológicos
nos ecossistemas naturais, factores estes susceptíveis de causarem danos no
meio ambiente e, consequentemente, na própria humanidade, autora desses danos.
A forma primária de reduzir a poluição é a redução/ anulação das fontes
poluidoras, de modo a fazer cessar a introdução de poluentes nos ecossistemas.
No entanto, dado o volume dos resíduos e desperdícios produzidos pela sociedade
actual, bem como o impacto já causado pelos poluentes no meio natural, em
muitos casos a redução das descargas poluídoras é um acto insuficiente para
garantir que os ecossistemas retornem ao seu estado natural ou que, pelo menos,
sobrevivam. Face a isto, é então necessário levar a cabo medidas de
despoluição, isto é, remover do meio ambiente os factores artificialmente
introduzidos e que são susceptíveis de causarem perturbações, sejam eles
agentes químicos, biológicos ou alterações físicas. A despoluição pode ser
realizada a dois níveis:
- despoluição dos meios contaminados:
- despoluição dos efluentes líquidos, gasosos e sólidos, de origem urbana, agrícola ou industrial, que são despejados no meio ambiente.
Tendo em conta a existência de diferentes tipos de poluição, é obvio que os
processos de despoluição serão específicos para cada uma dessas classes,
podendo então considerar-se:
- despoluição do ar: passa sobretudo pela remoção de partículas sólidas e gases perigosos da atmosfera, através da instalação de filtros em chaminés industriais e da neutralização/lavagem dos fumos antes da sua libertação, bem como da instalação de catalisadores eficientes nos motores de combustão interna (veículos automóveis e motociclos);
- despoluição dos solos: dessalinização e reajuste do pH e equilíbrio mineral dos solos agrícolas; extracção de metais pesados e outros poluentes sólidos e/ou tóxicos dos solos ocupados por indústrias poluentes, sobretudo químicas, siderúrgicas e metalúrgicas; descontaminação biológica e química de solos usados para a deposição de resíduos urbanos e industriais;
- despoluição térmica: arrefecimento dos efluentes líquidos antes de serem devolvidos aos cursos de água, nomeadamente rios, alterando o equilíbrio térmico e, frequentemente, excedendo a temperatura máxima suportada pelos seres vivos que neles habitam;
despoluição bacteriana:
através da incineração dos resíduos hospitalares e da clorização e ozonização
das águas residuais e para consumo;
- despoluição sonora: uso de silenciadores em máquinas e, sempre que possível, localização da fonte de poluição sonora dentro de estruturas isolantes, tipo caixa; construção de barreiras sonoras ao longo de auto-estradas e aeroportos; revestimento de telhados e paredes com isolantes acústicos e uso de vidros ou caixilhos duplos nas janelas; uso de protectores auriculares em zonas de elevado ruído;
- despoluição aquática: embora todos os cursos de água possuam uma determinada capacidade autodepuradora, isto é, de eliminação de certos tipos de poluentes, devida aos seres vivos, sobretudo bactérias, que neles habitam (certas estirpes bacterianas conseguem tolerar a presença de derivados do fenol em concentrações de até 0.9 g/l, sendo capazes de, em 24horas, reduzir a concentração deste poluente em 98%), a capacidade de autodepuração perde-se rapidamente se os valores de concentração dos poluente tolerados pela espécie forem excedidos, tornado-se então rapidamente tóxicos, originando assim a morte dos agentes responsáveis pela degradação dos poluentes, o que também pode acontecer devido à presença de outras substâncias tóxicas ou alterações térmicas importantes. A quantidade de poluentes presente nos efluentes urbanos e industriais excede em muito a capacidade de auto-depuração natural, sendo por isso necessário proceder a diversos processos de despoluição, antes de devolver os efluentes ao meio-ambiente;
- despoluição biológica: os efluentes domésticos, portadores de grande carga orgânica, são submetidos a processos de decantação, seguidos de biodegradação;
- despoluição físico-química: usada para efluentes industriais, através de processos de floculação, precipitação e de neutralização;
- despoluição mista: complexa e dispendiosa, realizada quando os efluentes domésticos e industriais são misturados;
Actualmente, e devido ao elevado impacto negativo da poluição no meio ambiente,
algumas correntes ecologistas e políticas defendem a introdução de taxas de
despoluição, associadas ao preço de um produto, sempre que a sua produção,
fabrico, utilização ou eliminação, após uso origine a necessidade de aplicação
de processos de despoluição, os quais são dispendiosos e, por isso mesmo, nem
sempre aplicados. Os produtos teriam assim um custo real, no qual está incluído
não apenas os custos de produção e transformação, mas também os custos dos
processos de despoluição a ele associados. Por exemplo: o preço da água
incluiria uma taxa para a sua despoluição, devido ao seu uso como veículo de
eliminação de esgotos, detergentes, resíduos industriais, etc.; o custo de um
iogurte passaria a incluir uma taxa para a despoluição devida à embalagem
plástica em que se encontra. Só assim, defendem os seguidores desta teoria, se
poderia promover o uso de produtos não poluentes e com embalagens recicláveis
(exemplo: o vidro), já que estes seriam as alternativas mais baratas para o
consumidor, devido a não terem custos de despoluição associados.
Referências do Documento:
- despoluição. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2
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