Quando a água de um meio oligotrófico é enriquecida em nutrientes, proporciona rápido crescimento e multiplicação do fitoplâncton, provocando um aumento da turbidez da água. O aumento de turbidez reduz a luminosidade necessária às plantas aquáticas submergidas. Embora a luz possa continuar a penetrar até ao leito do rio, a fotossíntese da vegetação aquática submergida pode ser bloqueada pelo facto de as suas folhas e caules poderem ser envolvidos por algas epífitas, que se desenvolvem rapidamente na água rica em nutrientes.
Com a perda da vegetação aquática submersa, obviamente, o alimento, o habitat e o oxigénio libertado pela fotossíntese desaparecem. Apesar de o fitoplacton ser constituído também por organismos fotossintéticos, que produzem oxigénio, como as outras plantas verdes, o oxigénio é libertado junto da superfície da água, que acaba por saturar e libertá-lo para a atmosfera. Assim, o oxigénio libertado por fotossíntese do fitoplâncton não atinge a zona profunda da água.
O fitoplâncton tem significativas taxas de crescimento e reprodução. Em condições óptimas, a biomassa do fitoplâncton pode duplicar em cada 24 horas. Quando o fitoplâncton ultrapassa o máximo de densidade populacional consentânea com as condições de vida, morre e deposita-se como detritos no leito do rio.
Por seu lado, a abundância de detritos permite a vida a um grande número de decompositores, especialmente bactérias aeróbias. O crescimento explosivo de bactérias cria uma necessidade adicional de oxigénio dissolvido, pois as bactérias consomem oxigénio na respiração. O resultado é o esgotamento do oxigénio, com a consequente asfixia de peixes e outra fauna aquícola. O esgotamento do oxigénio permite o desenvolvimento de bactérias anaeróbias facultativas, que não necessitam de oxigénio para o seu metabolismo. O crescimento deste tipo de bactérias ocorre enquanto os detritos são suficientes para suportar a sua vida.
Ocorrem ainda algumas oxidações químicas directas da matéria orgânica morta e de outros compostos, que criam uma necessidade adicional de oxigénio dissolvido, que muitas vezes já quase não existe.
Em conclusão, a eutrofização refere-se à seguinte sequência de acontecimentos: enriquecimento do meio aquático em nutrientes, crescimento e morte do fitoplâncton, acumulação de detritos, crescimento de populações de bactérias, esgotamento do oxigénio dissolvido e morte dos organismos. Assim, um meio aquático eutrófico é caracterizado pela sua riqueza em nutrientes, que suportam um abundante crescimento do fitoplâncton e algumas plantas aquáticas de superfície. Abaixo da superfície da água, o crescimento das plantas é enormemente diminuído ou eliminado e no leito do rio ou lago depositam-se detritos, principalmente, de matéria orgânica morta. O oxigénio dissolvido pode ser abundante na superfície, em consequência da fotossíntese do fitoplâncton, mas declina para próximo de zero ou zero no fundo, em virtude do seu consumo pelos decompositores. Esta decomposição leva à formação de produtos orgânicos (putrescina, cadaverina, indol, escatol, etc.) ou minerais (H2S) que têm cheiros desagradáveis e são muitas vezes tóxicos.
Referências do Documento
- eutrofização. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2
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